sexta-feira, dezembro 15, 2006

Da qualidade de quem não têm outras.

Após diálogo de ânimos exaltados sobre tacos de sinuca com minha polonesa portátil, reparei que sempre que eu converso com alguém que não tem nada de especial pra contar, esse alguém tende a me achar um “playboyzinho-contador-de-vantagem”. Alguns alegam ser falta de humildade.

Imagine que você finalmente obteve seu suado diploma em veterinária espacial, na faculdade mais importante da Indonésia e vá contar essa novidade para o garçom mexicano que trabalha em um barzinho que costuma ficar cheio na sexta feira. Provavelmente ele vai pensar, ou até mesmo falar, que você é um filhinho de papai, esnobe e claro, que não tem humildade, sem nem conhecer você, conhecer seu pai, quem você está pegando nem qual foi o seu recorde de balas-chita chupadas durante um único filme.


Vaca com Desinteria, dando um role esperto pela galáxia.


Pô, ser humilde é diferente de não saber nada-de-nada, ser pobre e ser feio. Tem gente que faz virar um direito e quase dever o ato de ser humilde. Ultimamente andam até fazendo associações entre humildade e futilidade.

Embora eu concorde e ache brilhante quem disse que a humildade é uma qualidade de quem não têm outras, acho que é uma questão muito mais complexa e que toca direto no psicológico das pessoas mais desprovidas de experiências interessantes pra contar. Talvez todos esses humildes complexados, tenham vindo em uma história de repressão lá da idade média, em um navio sujo, mas não tive paciência suficiente pra pesquisar.


Exemplo de pessoa “não-humilde”. Repare bem e talvez você consiga perceber como ele é cheio de dinheiro e possui vários frutos para vender e conseqüentemente ter mais dinheiro. Maldito!


Portanto, lembrando tempos de outrora, só me resta dizer que quando eu nasci eu era um perfeito humilde! Desdentado, careca, sem roupa e não sabia nem passar uma cantada ridícula na enfermeira.

quinta-feira, agosto 31, 2006

Garotos prodígio, velhos playboy e coroas super-esticadas.

Naturalmente imagina-se que um homem como eu não assiste televisão, porque sou intelectual e intelectuais chatos como devem ser, jamais devem ter os mesmos hábitos do cidadão comum. Mas como fui criado por freiras cegas no alto de montes escandinavos, me tornei uma exceção à regra e assisto à televisão regularmente, acomodadíssimo em poltronas feitas com couro de lhama peruana, instaladas em meu cinema particular. Enquanto estava trocando entre canais que exibiam belos exemplares de fêmeas humanas quase nuas, dei de cara com um programa que ostentava um menino de 5 anos que pasmem, aprendeu sozinho – repito: aprendeu sozinho – a contar até 10. Diziam que era um gênio, até mesmo uma das juradas mais gabaritadas, ex-dançarina de uma banda quase famosa de axé, encheu a boca pra dizer: “Taí, quando eu crescer vô sê qui nem ele ó”.


Garoto prodígio.


Logo me lembrei daqueles setentões que ficam sentados na praia, jogando “charme” para as menininhas de 13 anos que passam nas proximidades. Eles não perdoam, atacam vorazmente qualquer coisa que respire e seja do sexo feminino (essa última parte não é seguida por todos, ainda há aqueles que se aventurem com garotões). Pô, qual é a desses caras? Se playboy quando jovem já não é uma coisa “bonita”, depois de velho nem se comenta.

Também existem as velhotas se passando por jovenzinhas, essas se esticam tanto que se piscarem um olho, tem que levantar uma perna. Falam e agem como se tivessem 12 anos, cheias de coisas “fofinhas”. Acho que ficariam muito mais interessantes se ao invés de ficarem parecendo com o michael jackson, tentassem se parecer com uma bela mulher qualquer.


HAHAHAHAHA!!!


Não quero parecer conservador aqui, como se tirando o direito das pessoas de serem e pensarem o que quiserem. Só que ao longo de meus muitos anos de vida, comecei a ter uma boa noção do que é ridículo e o que não é. Uma coisa, por exemplo, que foi muito ridícula e me marcará pra sempre, foi ter andado pelado, sujo de lama, de mãos dadas com uma hippie gordinha no woodstock, mas isso não precisa ser contado.

“Pra tudo há seu tempo” Alexandre Frota, filósofo consagrado.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Pirataria é crime, não ataque navios.

Dando uma volta com meu novíssimo submarino nuclear, que tem todos os opcionais e foi o modelo do ano, me peguei filosofando cretinamente sobre piratas. Meninos muito espertinhos que navegavam por aí em alto mar, subtraindo o patrimônio alheio, aterrorizando mocinhas e fazendo marinheiros bonzinhos andarem na temida prancha.

Aqueles de perna de pau e tapa-olho ameaçavam de verdade a sociedade, ao contrário desses de hoje, que espalham a cultura a preço de banana. Por exemplo, os piratas modernos conseguem vender um DVD que custa r$ 80,00 nas lojas, por apenas dez reais e se você tiver um belo par de peitos, olhos azuis e for uma loirassa, ainda consegue levar o mesmo artigo, por apenas cinco reais.


Técnico de futebol falsificado.


Se eu fosse um artista famoso e em minha rotina tivesse incluído essas coisas chatas de lançar CD, DVD e etc. não ia lançar só o original, mas também o meu próprio pirata. Seria uma espécie de pirataria oficial, onde eu ia ficar com os lucros de todos os loucos e ricos que pagam cinqüenta reais, mas também somaria a quantia de todos os lúcidos que pagam só cinquinho.

Com certeza essa minha tática ia ser um sucesso por completo, em menos de uma semana eu ia estar no faustão, chorando aos montes vendo toda minha família, amigos, amigas tailandesas e mestres budistas falando maravilhas sobre mim. Ah, e as músicas seriam clássicos da mpb, compostas pelos gênios do calypso, latino, “cumpádi uóxiton” e por último, mas não menos importante, a inteligentíssima motorista do meu patinete particular. Ia ser o maior fenômeno da indústria fonográfica brasileira de todos os tempos.

quinta-feira, agosto 10, 2006

De quando “peguei” a mulher do Valério.

Ainda fico muito incomodado quando me lembro do processo para descobrir a paternidade do filho de Valério (sim, aquele carequinha malvado). Não que eu trabalhe fazendo exames de D.N.A., mas o problema, é que eu fui pego na cama com a mulher dele, mas esse ainda não é o ponto principal, a treta realmente começou quando Valério começou a perceber que seu primeiro filho, não tinha puxado em nada – realmente nada, nem mesmo uma leve semelhança - suas características físicas.


Vai lá filhão, agora toca Hendrix pra moçada.


Logo que a situação começou a esquentar, a mulher extremamente fiel de Vavá - ora, Vavá e eu éramos íntimos - deu com a língua nos dentes e acabou soltando meu nome na história, o que me rendeu um curto e rápido depoimento no conselho de guarda tutelar. Mas essa parte apesar de desagradável, foi facílima de passar, pois, como já tinha sido aconselhado por meu advogado e cozinheiro – senhor Otahawa Kyoko, que, sendo judeu, vietnamita e levemente crioulo nem precisou fazer vestibular, já foi levado direto ao quinto período de direito – tudo ia ficar bem se eu dissesse coisas absurdas e obviamente, sinceras.

Quando cheguei de frente ao oficial de justiça, exibiram uma fita gravada pela segurança da casa de Vavá, onde a mulher do carequinha fazia acrobacias na cama, acompanhada por um homem que tinha o meu mesmo porte físico, o mesmo corte de cabelo e a mesma tatuagem que é idêntica à pintura do teto da capela sistina, nas costas, assinada pessoalmente por Michelangelo, meu amigo desde criança na Itália. Fui interrogado sobre as cenas da fita, e eu inspirado por situações de cpi’s que andam exibindo na televisão, respondi: “Não tenho conhecimento de nada disso, não sei quem é aquele homem na fita, por sinal parece ser um cara suuuper legal e acho um desrespeito me chamarem aqui pra coisa tão absurda!”. Logo quando respondido, me pediram mil desculpas, passaram a mão na minha cabeça e me mandaram embora, todos chocadíssimos por terem desconfiado de um homem tão inocente e puro, como eu.


Tattoo by Michelangelo.


Em toda minha grandiosa vida, nunca tive experiência tão prazerosa quanto essa. Pô, pegar a mulher de um corrupto é bom demais. Enquanto Vavá estava fora gastando nosso dinheiro, eu estava ali plantando vastos chifres em sua luminosa careca, magnífico.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Violência se mantém estável em todo o país.

Estava eu sentado em minha mansão, num ponto estratégico, de onde tinha uma visão magnífica do meu belíssimo litoral artificial (construído a mão por dinamarquesas gigantes) quando uma idéia surgiu em minha cabeça. Seria de grande utilidade pública, o surgimento de uma ciência como a metereologia, mas que estudasse a situação do crime nas cidades brasileiras. Sim, seria uma espécie de crimeologia, para que quando você fosse sair de sua humilde residência, já pudesse saber quais são as verdadeiras chances de ser atingido por um tiro no pâncreas, ser assaltado ou queimado vivo.


“Aí doidin, perdeu perdeu, passa tudo... sinão eu ti mato ocê!”


Imagine uma loira graciosa, informando o seguinte no jornal: “em Belo Horizonte o dia vai ser quente, com agressões gratuitas e assaltos pela manhã, fechando o dia com leves churrascos de ônibus.” Oh, isso seria demais! Imagine só, uma previsão completa, contendo até mesmo o saldo de sangue perdido no final do dia.

Só os caras do Primeiro Comando da Capital (vulgo PCC) é que não iriam achar graça nenhuma nessa história. Veja quanta ousadia contra eles, tentar prever quais seriam as ações desses mocinhos rebeldes, no mínimo, ficariam super indignados. Mas é claro, nem mesmo uma rebeliãozinha iam poder fazer à vontade, sem ter de prontidão, um enorme batalhão de choque pronto pra “descer a mão” neles. Veja só quanto disparate não poder nem mesmo queimar um ônibus com a galera, sem ter o risco eminente de ser incomodado por algum “homem da lei”.


Rapazinhos fora da lei.


Minha aspiração máxima nesse momento é a de nomear meu assessor para assuntos de “sinuca e torresmo”, Vitão Pedrada, para o cargo de General-que-trata-de-rebeliões-e-afins. Vitão ia restaurar a ordem nos presídios e penitenciárias, à base de muita psicologia e conversa, é claro. Técnicas como "se não ficar quietinho toma chicotada" e "ou larga essa faca ou morre" iam ser utilizadas em larga escala.

Agora terei que interromper esse texto, pois tenho que ir correr pela equipe da Etiópia em uma competição de revezamento quatro por cem, sobre gel de cabelo e já estou atrasado.

Mas é sempre bom lembrar que a esperança é a única mentira que nunca sai de moda!

sexta-feira, agosto 04, 2006

Hostilidades orientais, esquimós e o vivído escritor.

Não é mais surpresa para ninguém, pegar um jornal qualquer e dar de cara com uma notícia do tipo “Pelo menos 784 mortos hoje em ofensiva israelense”. Já se tornou parte do dia-a-dia do cidadão comum. Coisa normal, como se fizesse parte dos acontecimentos rotineiros de todo mundo.

Bom, mas há um grande problema nisso, pois essas notícias estão seriamente ameaçadas, fazendo com que nossas rotinas e planos de vida saiam dos eixos. Daí você se questiona, por que esse maldito ta falando isso? É simples, ora bolas! Por que logo vão acabar os israelenses, iraquianos, e todo aquele mix de etnias e culturas que brigam por aqueles lados de lá. Ou então vai acabar armamento e munição, fazendo com que ninguém mais morra (exceto se apelarem pra briga de foice, facão, tijolada e etc. Mas seria muito estranho e nostálgico ler algo do tipo nos dias de hoje, “Morrem 946 pessoas, após enorme briga de canivete”). Daí já é fácil saber o porquê estamos fadados a ficar sem tais notícias já costumeiras né?

Sugiro que depois que tais notícias não existirem mais, que os jornalistas ocupem os lugares desfalcados pelas anteriores, com umas de fofoca sobre a vida dos esquimós. Por que ia ser demasiado legal ver uma seção de fotos sexy de uma bela esquimó, ou então uma matéria especial sobre um urso polar mutante, que depois de ser adotado por uma família de esquimós, com apenas dois anos de vida, já tinha escrito quinze best-sellers, entre eles: Como pegar um bom peixe, em 8 passos; Nadar ou correr, eis a questão; Saiba escolher qual o melhor caçador, humano, para se devorar.


O pequeno urso mutante, Popô.


Família da alta-sociedade esquimó.


Posso ter certeza que essas notícias iriam agradar a população mundial, porque após minha participação ativa no PPRK (Partido Popular Revolucionário do Kampuchea), onde liderei ferozmente toda a movimentação “dos doidin muito loko mano” para que a França finalmente concedesse a tão ansiada independência cambojana, eu percebi que havia uma carência enorme da população mundial, de ter notícias mais íntimas sobre esquimós e a vida que os circula. Também foi nessa época que me tornei um profundo conhecedor da vegetação nativa do rio Mekong, após ter domesticado cinco girafas anãs, que vivem no lado leste da montanha onde morava meu amigo e parceiro de inúmeros jogos de bocha, Marechal Lon Nol.

Sim, além de tudo, eu ainda sou um exímio jogador de bocha. Oh, nunca irei esquecer aquelas noites embriagadas, jogando contra times de venezuelanas nuas. Aiai...